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quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Live do Conde: Lula deve voltar à campanha

Não vai sair na Globo: O que está por trás do mito da “Petrobras quebrada”


O Mito da “Petrobras quebrada”
por Cláudio Oliveira e Felipe Coutinho*
A citação “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade” é atribuída à Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha Nazista. Já “A verdade é filha do tempo, e não da autoridade” teria sido dita por Galileu Galilei, físico, matemático, astrônomo e filosofo italiano que viveu entre ou séculos 16 e 17 e foi personalidade fundamental na revolução cientifica.
No Brasil de hoje vemos as autoridades do governo federal, da Petrobras e seus porta vozes da grande mídia repetirem mentiras sobre a Petrobras. Mas elas não se sustentam e o tempo revela que são falsas. Neste artigo vamos ajudar o tempo no seu trabalho de revelar o mito sobre a “quebra da Petrobras”.
O endividamento da Petrobras tem sido uma das principais justificativas oficiais para a privatização fatiada da estatal, com alienação de mais de US$ 34 bilhões até 2021. A corrupção revelada pela Lava Jato e que vitimou a Petrobras é usada para construir o senso comum e convencer a opinião pública de que não há alternativa.
“Alavancagem financeira” ou simplesmente “alavancagem” é o uso de endividamento (recursos de terceiros) para viabilizar o lucro e a geração de caixa das empresas no futuro. A indústria do petróleo se caracteriza por projetos de longa maturação, o investimento leva cerca de 10 anos para começar a gerar caixa.
Decisões tomadas hoje serão percebidas daqui a uma década. Ou ainda, decisões tomadas há 10 anos atrás são percebidas hoje.
Quando o portfólio de projetos de uma empresa de petróleo permite o aumento da produção, e da receita, a dívida é benigna e facilmente gerenciável. A Petrobras tem dívida maior do que suas concorrentes multinacionais porque descobriu o pré-sal e dispõe do mercado brasileiro que além de grande tem potencial para crescer.
Nosso consumo per capita de energia é moderado, muito inferior ao dos países desenvolvidos. As multinacionais de capital privado têm reservas e mercados declinantes, não tem perspectiva de crescer e usam o endividamento para pagar dividendos, ou recomprar suas ações para valorizá-las e assim atender aos acionistas.
A realidade da Petrobras é muito melhor, por isso seus ativos, reservas e mercado são alvo da cobiça internacional que foi revelada pelo Wikileaks.
Indústrias básicas como siderurgia, papel e celulose, mineração etc., levam de três a quatro anos para implantação de um projeto. Para atender esta situação os agentes financeiros criaram linhas de crédito com carência de até quatro anos, ou seja, o tomador do empréstimo durante os primeiros quatro anos paga somente os juros sobre o valor da dívida, a amortização só começa a ocorrer após o quarto ano, quando o projeto entra em operação e começa a gerar lucro e caixa.
Caso venham a ocorrer atrasos na implantação do projeto a empresa tomadora do
empréstimo deverá procurar “rolar” a dívida até que o projeto entre em atividade. Ou seja, a empresa refinancia a dívida até que o projeto comece a gerar caixa para iniciar as amortizações.
Na indústria do petróleo, no entanto, a maturação dos projetos dura em torno de dez anos. Significa dizer que, iniciado um projeto o retorno em lucros e geração de caixa só começa a ocorrer depois desse prazo.
Como não existem linhas de crédito com dez anos de carência, este tipo de indústria, em tese, precisa “rolar” ou refinanciar suas dívidas até a entrada em operação dos projetos.
A dívida da Petrobras evoluiu conforme mostrado na tabela abaixo:(Observação: apresentamos a dívida da Petrobras em US$ tendo em vista que 80% do endividamento da empresa é em moeda estrangeira, principalmente US$, portanto é a melhor moeda para retratá-la)
Com a descoberta do pré-sal (2005) a Petrobras planeja o seu desenvolvimento e produção. Entre 2010 e 2014 a empresa investiu mais de US$ 200 bilhões (média superior a US$ 40 bilhões ano), notadamente no pré-sal, e esta é a principal origem da dívida da empresa.
Neste período (2010/2014) adotaram-se políticas de conteúdo local para o desenvolvimento da indústria naval e de petróleo, treinamento e geração de empregos. Montante proporcional de impostos foram gerados para a União os Estados e os Municípios.
Segundo a Associação Brasileira de Engenharia Industrial (ABEIN) para cada US$ 1000 investidos pela Petrobras, são gerados cerca de US$ 650 em investimentos de outros setores, o que demonstra a importância dos investimentos da Petrobras para o país.
No final de 2014, ainda no governo Dilma, com o surgimento da Operação Lava Jato e tornados públicos os problemas de corrupção contra a Petrobras, todo o processo de investimentos foi freado subitamente.
Com a evolução cambial em 2015, quando o dólar subiu de R$ 2,66 (Dez/2014) para R$ 3,95 (Dez/2015), a dívida da empresa em reais subiu de R$ 351 bilhões para R$ 492 bilhões. Aproveitando-se desta situação parte da mídia criou o mito de que a Petrobras teria uma dívida impagável, a maior dívida entre todas as grandes petroleiras.
Primeiro é preciso lembrar que as grandes reservas de petróleo do mundo pertencem aos Estados Nacionais, cujas estatais não precisam revelar o nível de seus endividamentos. As disponibilidades de financiamento são articuladas estrategicamente com a política monetária, a administração da reserva e da balança comercial nacionais.
A comparação feita pelo cartel da mídia empresarial corporativa é com a chamadas “majors”, Chevron, Exxon, BP, Shell e Total, que são empresas em severa decadência de produção, reservas e geração de caixa. A dívida delas é inferior à da Petrobras porque elas não têm bons projetos para investir. Se tivessem acesso a províncias como a do pré-sal, suas dívidas seriam compatíveis e até maiores do que a dívida da Petrobras.
Um parâmetro didático para entender a capacidade de endividamento é simular um empréstimo imobiliário. Se você informar que dispõe de uma renda bruta anual de R$ 100 mil, o sistema dirá que você pode obter um empréstimo superior a R$ 200 mil. Sem nenhuma dificuldade. No caso da Petrobras, o empréstimo ainda possibilita o aumento da produção e da renda anual, diferente do seu caso como assalariado, o que torna ainda mais fácil a administração da dívida.
Vamos comparar a receita da Petrobras com sua dívida, em reais:
Verificamos que a dívida da Petrobras só foi superior à receita em 2015 em função da forte elevação cambial e em 2016 devido a uma estranha queda de receita ainda não bem explicada pela empresa, e que será motivo de análise em próximos artigos.
De qualquer forma, é evidente que a capacidade de gerar receita é compatível com o endividamento. Por isso não faltam recursos quando a Petrobras acessa os mercados de crédito nacional e internacional.
Evidentemente pode existir concentração de amortização da dívida em alguns exercícios. Para a Petrobras as amortizações da dívida estão dispostas da seguinte
forma:
Nota-se que existe alguma concentração de amortizações em 2019 e 2020, mas nada preocupante pois existe tempo para a empresa se preparar através da rolagem de dívidas e/ou assumindo novos empréstimos, além amortização a partir da pujante geração de caixa. Para isto serve a diretoria financeira.
Sendo que os investimentos no pré-sal foram feitos a partir de 2010 (vide tabela 1), e a maturação dos projetos na área de petróleo levam dez anos, é de se esperar que a partir de 2020 o retorno dos investimentos comece a aparecer.
O quadro de Usos e Fontes do PNG 2017/2021 mostra isto:
A geração operacional de caixa (US$ 158 bilhões) no período, representa uma média anual superior a US$ 30 bilhões por ano.
Olhando a geração operacional dos últimos exercícios nós temos o seguinte:
A geração operacional tem girado em torno de US$ 26 bilhões. Como o “Usos e Fontes” do PNG 2017/2021 indica uma média de geração anual em torno de US$ 30 bilhões, podemos estimar que na ponta (2020/2021) a geração estará em torno de US$ 35 bilhões, gerando um excedente significativo para a amortização da dívida.
Ocorre que a atual administração da Petrobras quer reduzir a dívida o mais rápido possível, mesmo fora do tempo adequado para isto. Antecipou de 2020 para 2018 a meta de redução da alavancagem, medida pela razão entre a dívida liquida e a geração de caixa, em 2,5. Sem a antecipação da meta não seria necessário privatizar os US$ 19,5 bilhões em ativos até 2021. A antecipação da meta foi a forma encontrada para justificar o massivo desinvestimento, a toque de caixa.
Analisando a Tabela 1, verificamos que em 2015, ainda no governo Dilma, a dívida foi desnecessariamente reduzida em US$ 10 bilhões. Em 2016 além de uma redução da dívida em US$ 8 bilhões, por pressão do governo a Petrobras adiantou R$ 20 bilhões (US$ 6 bilhões) para o BNDES aliviar seu caixa. Em função disto ocorreu uma forte redução de importantes investimentos em 2015 e 2016.
Ainda mais, baseado nesta pretensa necessidade de redução de dívida, em 2016 foram vendidos ativos no valor de US$ 13 bilhões, dos quais apenas US$ 2 bilhões entraram em caixa.
E notem que contradição, neste período todo a companhia manteve valores altíssimos em caixa sem utilização. Ainda assim a alavancagem se reduziu drasticamente de 5,11 para 3,54, entre o 4º trimestre de 2015 e o de 2016.
Para se ter uma ideia do absurdo, mostramos abaixo o saldo de caixa da Petrobras comparado com o da Exxon, maior petroleira americana cujo faturamento anual é mais que o dobro da Petrobras.
Voltando ao “Usos e Fontes” do PNG 2017/2021, verificamos que se a Petrobras tiver um caixa no mesmo nível da Exxon, a venda de ativos prevista (US$ 19,5 bilhões) não é necessária, basta utilizar o caixa existente, mesmo se insistindo com a antecipação desnecessária da redução da alavancagem.
Finalizando é bom lembrar que o diretor financeiro Ivan Monteiro, em entrevista coletiva no último mês de janeiro, informou aos jornalistas que “independentemente de venda de ativos ou de captação de novos recursos, a empresa já dispõe dos recursos para cumprir seus compromissos nos próximos 2,5 anos”.
Na divulgação dos resultados de 2016, via teleconferência, o mesmo diretor foi perguntado se a meta de alavancagem 2,5 fosse atingida antes do tempo previsto, se a venda de ativos poderia ser reduzida. O diretor Ivan Monteiro responde que não, que seria mantida, o que ajuda a revelar que venda de ativos não diz respeito a necessidade financeira.
O mito da “Petrobras quebrada” está sendo revelado, outros mitos serão criados para justificar a privatização da estatal e a alienação do petróleo, em favor de poucos, das multinacionais do petróleo, dos bancos e de seus lacaios.
Brasileiros conscientes e patriotas precisam se organizar para defender o maior patrimônio nacional: o petróleo do pré-sal e a Petrobras.
* Cláudio Oliveira é economista aposentado da Petrobras e Felipe Coutinho é engenheiro químico e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)
https://www.viomundo.com.br/denuncias/petrobras-2.html
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Haddad divulga carta aos evangélicos e alerta sobre as mentiras semeadas na campanha


Em carta dirigida à comunidade evangélica nesta terça-feira (16), o candidato à presidência da República Fernando Haddad relembra que, desde as eleições de 1989, o medo e a mentira são semeados entre o povo cristão contra candidatos do PT, e pede justiça. Haddad enumerou os diversos boatos e mentiras de baixo nível divulgados ao longo do atual processo eleitoral. Confira a íntegra do documento.

O Senhor odeia os lábios mentirosos, mas se deleita com os que falam a verdade. Provérbios 12:12


Quero me dirigir diretamente ao povo evangélico neste momento tão decisivo da vida de nosso Brasil, cujo futuro será decidido democraticamente nas urnas do próximo dia 28.
Para estar no segundo turno, tive que vencer uma agressiva campanha baseada em mentiras, preconceitos e especulações massivamente espalhadas pelo Whatsapp e outras redes sociais, contra mim e minha família.
“Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.” (Provérbios 6:16-19)
Desde as eleições de 1989, o medo e a mentira são semeados entre o povo cristão contra candidatos do PT. Comunismo, ideologia de gênero, aborto, incesto, fechamento de Igrejas, perseguição aos fiéis, proibição do culto: tudo o que atribuem ao meu futuro governo foi usado antes contra Lula e Dilma. As peças veiculadas, de baixo nível, agridem a inteligência das pessoas de boa vontade, que não se movem pelo ódio e pela descrença.
“Ó Deus, a quem louvo, não fiques indiferente, pois homens ímpios e falsos, dizem calúnias contra mim, e falam mentiras a meu respeito.” (Salmos 109:1-2). Que provas tenho a oferecer para desmentir quem usa meios tão baixos para enganar, fraudar a vontade popular?
Minha vida, em primeiro lugar: sou cristão, venho de família religiosa desde meu avô, que trouxe sua fé do Líbano quando migrou para o Brasil para construir vida melhor para sua família. Sou casado há 30 anos com a mesma mulher, Ana Estela, minha companheira de jornada que criou comigo dois filhos, nos valores que aprendemos com nossos pais. Sou professor, passaram por minhas mãos milhares de jovens com os quais aprendi e ensinei meus sonhos de um Brasil digno e soberano.
Minha vida pública, em segundo lugar: minha atuação, como Ministro da Educação e como Prefeito de São Paulo, fala por mim. Abri as portas da educação para os mais pobres, das creches – nas quais o governo federal passou a investir pesadamente em minha gestão – à Universidade. Antes do Pro-Uni, do FIES sem fiador, do ENEM, da criação de vagas em instituições públicas e gratuitas de ensino e das cotas raciais, o ensino superior era inacessível para jovens negros, trabalhadores e da periferia. Busquei humanizar a metrópole que me foi confiada, buscando inovações para ampliar os direitos, à moradia, à mobilidade urbana, ao meio ambiente sadio, à convivência fraterna.
Sempre contei, no MEC ou na Prefeitura de São Paulo, com a parceria com todas as denominações religiosas. Tratei a todas de forma igualitária. Os governos Lula e Dilma, bem como nossos governos estaduais e municipais, sempre reconheceram dois pilares do Estado democrático: é laico e, como tal, não privilegia nem discrimina ninguém em razão de sua religiosidade. Nenhuma Igreja foi perseguida, o direito de culto sempre foi assegurado, a liberdade de expressão também.
Nenhum dos nossos governos encaminhou ao Congresso leis inexistentes pelas quais nos atacam: a legalização do aborto, o kit gay, a taxação de templos, a proibição de culto público, a escolha de sexo pelas crianças e outras propostas, pelas quais nos acusam desde 1989, nunca foram efetivadas em tantos anos de governo. Também não constam de meu programa de governo.
“Acautelai-vos quanto aos falsos profetas. Eles se aproximam de vós disfarçados de ovelhas, mas no seu íntimo são como lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. É possível alguém colher uvas de um espinheiro ou figos das ervas daninhas? Assim sendo, toda árvore boa produz bons frutos, mas a árvore ruim dá frutos ruins.” (Mateus 7:15-17).
Os frutos que quero legar ao Brasil como Presidente são a justiça e a paz. Emprego para milhões de desempregados e desempregadas poderem sustentar com dignidade suas famílias. Salário justo, com direitos que foram eliminados pelo atual governo e que serão trazidos de volta com a anulação da reforma trabalhista, e o direito à aposentadoria, ameaçado pela reforma da Previdência apoiada pelo atual governo e meu adversário. “Aprendei a fazer o bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.” (Isaías 1:17)
Quero governar o Brasil com diálogo e democracia, com a participação de todos e todas que se disponham a doar de seu tempo e talentos na construção do bem comum. Um governo que promova a cultura da paz, que impeça a violência, que nunca use da tortura e da guerra civil como bandeiras políticas. Que una novamente a Nação brasileira, para que volte a ser vista com esperança pelos mais pobres e com respeito pela comunidade internacional.
Apresento-me, pois, diante dos irmãos e irmãs das mais variadas denominações cristãs, com a sinceridade e honestidade que sempre presidiram minha vida e meus atos. A Deus, clamo como o salmista: “guia-me com a tua verdade e ensina-me, pois tu és Deus, meu Salvador, e a minha esperança está em ti o tempo todo.” (Salmos 25:5). E a vocês, peço justiça, a justa apreciação de meus propósitos e o voto para concretizar essas intenções num governo que traga o Brasil aos caminhos da justiça, da concórdia e da paz.
Por Fernando Haddad

Frases ditas pelo Bolsonazi ao longo de sua disseminação do ódio:

-O erro da ditadura foi torturar e não matar.

-Não vou estuprar você porque você não merece,
-Não vou combater nem discriminar mas,se eu vir dois homens se beijando na rua, VOU BATER.
-Você é uma ;idiota, uma analfabeta, está censurada.
-Mulher deve ganhar salário menor, porque engravida.
-Pinochet devia ter matado mais gente.
-Eu sonego tudo que for possível.
-O filho começa ficar assim meio gayzinho, leva um coro, ele muda o comportamento dele.
-O afrodescendente mais leve lá pesava 7 arrobas, não fazem nada, nem pra procriar serve mais.
-Esse dinheiro do auxílio moradia eu usava para comer gente.
-Qual pai tem orgulho de ter um filho gay?
-Agir com energia é torturar? Vai ser torturado.
-Eu sou favorável a tortura, você sabe disso, e o povo é favorável a isso  também.
-Não entraria num avião pilotado por um cotista.
-Fica na vida mundana, e depois vem cobrar do poder público um tratamento que é caro, se não se     cuidou o problema é dele.
-Através do voto você não vai mudar nada neste país, só vai mudar um dia que a gente partir pra uma guerra civil, fazendo o trabalho que o regime militar não fez, matando uns trinta mil, começando por FHC, se vão morrer uns inocentes, tudo bem!!

“Ditadura militar voltou”, disse policial ao prender estudantes panfletando UNICAMP Campinas SP


NOTA OFICIAL DO CENTRO ACADÊMICO DO INSTITUTO DE ECONOMIA DA UNICAMP – 16/10/18
O CAECO vem por meio deste comunicado relatar o fato ocorrido no dia de hoje, terça-feira (16/10/18), concernente à detenção de dois estudantes, sendo um deles oriundo do Instituto de Economia, pela Polícia Federal com sede na Rua Dr. Antônio Alvares Lobo 620, Botafogo, Campinas.
Os indivíduos, exercendo seu pleno direito de ir e vir e se manifestar politicamente, foram detidos por uma autoridade da Guarda Municipal de Campinas.
A alegação para que houvesse tal cerceamento de liberdade foi a de que, tendo como base uma Lei Eleitoral que não permite panfletagens de caráter político em logradouros públicos, não se poderia praticar tal ato naquele local.
A grande problemática envolvida em tal conduta dos representantes da segurança pública, no entanto, é que os estudantes estavam em uma área que não condiz com os termos previstos nessa suposta lei.
É um ponto tradicional de panfletagem. Sendo assim, houve um claro abuso de autoridade, sendo evidenciado até pelo diálogo travado entre as partes, com clara e explícita apologia aos tempos sombrios de ditadura proferida pela parte acusadora.
Como instituição que em primeira instância zela pelo bem-estar de seus congregados, o centro acadêmico repudia veementemente os direcionamentos tomados pelas autoridades competentes e reitera sua preocupação com os rumos que a democracia brasileira vem tomando.
Desde sua criação, o Instituto de Economia luta por uma sociedade mais igualitária e que respeita o Estado Democrático de Direito.
Vivemos em tempos de obscurantismo, com uma escalada do reacionarismo e da violência estimulada pela polarização do cenário eleitoral.
O que é inaceitável, todavia, é o uso da máquina pública em prol de determinados interesses, sejam eles de qualquer natureza.
Abaixo há o relato dos envolvidos:
“Às 10h30 da manhã do dia 16 de outubro, os estudantes estavam na frente do portão do terminal central de Campinas, panfletando material de divulgação do candidato à presidência da república Fernando Haddad. O local em que estavam é um ponto tradicional de panfletagem e não há relatos de repreensão.
Um guarda municipal os abordou alegando ser proibido panfletar em instituições públicas. Os dois colocaram que conheciam a legislação eleitoral e que por isso estavam do portão para fora, pois haviam compreendido que o portão seria uma demarcação física do limite do terminal.
Porém, o guarda insistiu que aquela área também pertencia ao terminal. Os estudantes então questionaram onde tava escrito que aquela área era do terminal. O guarda se sentiu ofendido com o questionamento e se exaltou, acuou e constrangeu os estudantes. Apreendeu seus materiais de panfletagem e chegou a dizer que eles não poderiam falar.
O público começou a se aglomerar em volta, assistindo o que estava ocorrendo e os dois jovens passaram a explicar em voz alta a situação para quem passava. Em dado momento, os jovens afirmaram que tal atitude era autoritária e que se assimilava a uma volta da ditadura militar, ao que o guarda respondeu “Sim, a ditadura militar voltou, graças a Deus”.
Eles foram levados para a Polícia Federal, que encaminhou para o Distrito Policial e agora estão detidos na Polícia Federal. Já conversaram com os advogados, já estão cuidando da situação, e agora estão aguardando serem chamados para depoimento.”
Centro Acadêmico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 16 de outubro de 2018
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Apoiadores de Bolsonaro realizaram pelo menos 50 ataques em todo o país

Levantamento inédito contabilizou relatos de agressões e ameaças contra pessoas em 18 estados e no DF nos últimos dez dias

Agressão: jornalista é atropelado por eleitores de Bolsonaro, em Curitiba (Agência Pública/Divulgação)


Uma jornalista esfaqueada e ameaçada de estupro. Um carro jogado em cima de um jovem com camiseta do Lula que conversava em frente ao bar com os amigos. Uma jovem presa e agredida, jogada nua em uma cela da delegacia. Outro jovem recebe um adesivo colado à força nas suas costas, com um tapa, e depois recebe uma rasteira para cair no chão.
Todos esses ataques violentos aconteceram desde o dia 30 de setembro, em meio ao acirramento da violência eleitoral. Um levantamento inédito realizado pela Pública em parceria com a Open Knowledge Brasil revela que houve pelo menos 70 ataques nos últimos 10 dias no país.
A grande maioria dessas agressões foi feita por apoiadores de Jair Bolsonaro, candidato do PSL que está à frente nas pesquisas eleitorais.
Isso mostra que as declarações de Bolsonaro que incitam a violência contra mulheres, LGBTs, negros e índios e a violência policial estão ecoando país afora e se transformaram em agressões físicas e verbais nestas eleições.


Por outro lado, seus eleitores ou pessoas relacionadas receberam 6 ataques. Em um deles está o caso de um professor da Universidade do Recôncavo Baiano (UFRB) que foi preso no dia 5 de outubro por atropelar comerciantes que vendiam camisetas do presidenciável do PSL. Existem ainda situações em que não é clara a afiliação política do agressor.

O levantamento inédito mostra como as situações de violência se espalham pelo país inteiro e não podem mais ser vistas isoladamente.

Indagado sobre as ações de seus apoiadores, Bolsonaro tentou minimizar a onda de violência política. “Eu lamento. Peço ao pessoal que não pratique isso, mas eu não tenho controle sobre milhões e milhões de pessoas que me apoiam”, disse Bolsonaro ao UOL. “Está um clima acirrado, pela disputa, mas são casos isolados que a gente lamenta e espera que não ocorram”, afirmou.


(Agência Pública/Divulgação)

Bolsonaro foi vítima de um ataque a faca em 6 de setembro que o deixou em estado grave, enquanto fazia campanha em Minas Gerais. O agressor, Adélio Bispo de Oliveira, confessou o crime e está preso.

Entre os casos contabilizados pela reportagem da Pública, 14 aconteceram na região Sul, 33 na região Sudeste, 18 na região Nordeste, 3 na região Centro-Oeste e 3 na região Norte.

Embora tenha havido também dezenas de casos de ameaças pelas redes sociais, o levantamento incluiu apenas casos de agressões e ameaças feitas ao vivo. Nesses episódios, a integridade física de pessoas ficou em risco por causa do ódio ligado à disputa eleitoral.

A partir de hoje, a organização Open Knowledge Brasil e a Brasil.io, em parceria com a Pública, vão recolher e monitorar casos de agressões ligadas às eleições de 2018. Os casos serão publicados no site Vítimas da Intolerância. Se você tem uma denúncia, envie pelo site.


(Agência Pública/Divulgação)
Região Sul: jornalista foi atropelado

“Foi muito rápido, senti a roda como se estivesse me puxando, simplesmente caí no chão”, relata o jornalista e produtor audiovisual Guilherme Daldin, 26 anos, atropelado no dia 7 de outubro, dia da votação em primeiro turno, às 21 horas.

Ele comemorava a vitória de um amigo do PDT para a Assembleia Legislativa do Paraná. Pelas circunstâncias, a vítima vê só um motivo: vestia camiseta vermelha, com uma imagem do ex-presidente Lula.

A violência ocorreu em frente ao Bar do Torto, na região central e boêmia de Curitiba, capital do Paraná, na qual é comum conversar na calçada.

O jovem estava com os colegas no bicicletário. De costas para a rua, Daldin disse que repentinamente sentiu o carro, um Sandero branco, bater no lado esquerdo de sua cintura e passar por cima do pé.

“Com o movimento da roda passando sobre o meu pé, eu caí com tudo no chão e comecei a sentir a fisgada, como se estivesse puxando. Isso foi em milésimos de segundo. Não fazia ideia do que estava acontecendo, simplesmente caí e depois fiquei muito preocupado com minha perna, minha impressão é que tinha acontecido algo pior”, disse à reportagem.

O motorista fugiu sem prestar nenhum tipo de assistência. Seus amigos o seguiram. “Era um homem e uma mulher, segundo meus amigos. Ele estava com uma camiseta do Brasil [da seleção brasileira de futebol]. Pararam do lado do carro e perguntaram se era ele que tinha me atropelado. Relataram que ele abaixou o vidro e de forma bem fria fez um gesto de quem vai pegar algo no console, dizendo ‘eu tenho uma surpresinha aqui para vocês’”.

Com medo de que fosse uma arma, eles foram embora. “Ninguém queria fazer justiça, mas sim averiguar, tentar entender o que motivou, pois todos que estavam na rua disseram que o cara claramente tacou o carro em mim.”

Passados três dias, Daldin conta que as dores estão aumentando, assim como a sensação de insegurança ao sair na rua. “Por sorte não foi nada grave, estou com muita dor no joelho e no pé.

Agora, quando ouço um carro derrapando, sinto pânico, fico em alerta. É um misto de desespero com uma vontade de barrar a violência, ainda mais ao saber que tem muita gente com ódio exacerbado saindo às ruas. Ao mesmo tempo, bate uma angústia, medo de me identificarem na rua, sobretudo pela certa repercussão que o caso vem ganhando.”

Orientado pelos policiais militares que fizeram o primeiro atendimento no local da violência, Daldin foi no dia seguinte (8) até a Central de Flagrantes da Polícia Civil, no centro da cidade, para registrar um Boletim de Ocorrência (BO).

Com a ajuda de amigos, o jornalista conseguiu identificar o motorista, pois a placa do carro foi registrada. Só que na Civil, o computador da escrivã tinha adesivos pró-Bolsonaro.

“Foi ali que me senti impotente, despossuído de direitos. Cheguei a ficar mais assustado naquele momento que no dia anterior. E agora, você vai recorrer para quem?” O jornalista mudou de delegacia e foi até o departamento da Polícia Civil em outro bairro, nas Mercês, com o objetivo de se sentir menos acuado para prestar a queixa.

Esse não foi o único caso registrado na última semana na região Sul. O levantamento da Pública verificou 14 situações de violência associadas às eleições nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

As vítimas sofreram agressões físicas, uma urna eletrônica foi destruída a marretadas e duas ofensas verbais, sofridas na rua, foram denunciadas em redes sociais. Numa delas, a vítima relata que o agressor chutou o cachorro abandonado que ela alimentava, enquanto a ofendia.

No dia 6 de outubro, na cidade de Maringá, Vera Lúcia Pedroso, de 53 anos, foi ferida em um ataque ao seu carro modelo Voyage. Ela dirigia durante uma carreata em apoio a Fernando Haddad, candidato do PT à Presidência, quando um jovem numa moto emparelhou com o veículo e tentou tirar à força a bandeira que estava presa ao veículo.

“Estava com muita raiva. Na primeira puxada não conseguiu, na segunda quebrou o vidro, que cortou minha mão”, relatou à Pública. Foram quatro pontos no indicador da mão direita e um no mindinho.

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Água, Esgoto e Saneamento de Maringá (Sindaen), Vera conta que o mesmo motoqueiro já tinha “atacado” outros carros da passeata antes de chegar ao dela.

Há um vídeo na internet sobre a ocorrência no qual dá para ver o motociclista sendo segurado pelas pessoas da carreata do PT. É que, depois de quebrar o vidro de Vera Pedroso, ele investiu novamente contra os veículos, sendo apanhado pelos manifestantes.

“Foi quando chegaram três pessoas, que ajudaram ele a escapar e levaram a moto embora”, explicou ela. No vídeo, aparece o adesivo de apoio à candidatura presidencial do PSL.

“Não estou com medo”, disse a vítima à reportagem. “Ainda tenho muita esperança na democracia, acredito que podemos viver num país em que haja respeito e tolerância”, completou.

Outro caso de violência registrado em Curitiba, capital do Paraná, ocorreu na noite desta terça-feira, 9 de outubro, próximo à reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Por volta das 20 horas, cerca de seis homens agrediram um estudante da universidade em frente à Casa da Estudante Universitária (CEU), que fica ao lado dos prédios em que são ministradas as aulas de ciências humanas.

O jovem de 26 anos, Khaliu Turt, que estava com boné do MST e camiseta vermelha, foi espancado por um grupo de torcedores com camisetas da Império Alviverde – torcida organizada do Coritiba Foot Ball Club.

O estádio do Coxa, como o time é conhecido, fica a poucos metros do campus da UFPR. De acordo com um estudante, que pediu anonimato, os membros da torcida estavam se agredindo, o que teria causado pânico nas estudantes que moram ali.

Foi nesse contexto que Purt teria pedido que os homens saíssem de lá. A fachada envidraçada da Casa da Estudante foi danificada durante a arruaça. Foi aí que, de um grupo de 15 homens, seis deles começaram a espancar o jovem com chutes e golpes de capacete.

No final, acrescentaram os gritos de “Aqui é Bolsonaro” e “Bolsonaro 2018”. A vítima foi levada ao Hospital Cajuru com escoriações pelo corpo e ainda realizava exames quando a reportagem foi concluída

A UFPR emitiu uma nota oficial na qual “lamenta profundamente o ato de violência ocorrido em frente às duas dependências”. E conclui: “A UFPR repudia veementemente todo e qualquer ato de violência, de preconceito ou de discriminação”.
Região Sudeste: ataques homofóbicos em nome de Bolsonaro

Ao todo, a Pública localizou 33 relatos de agressões cometidas por apoiadores de Bolsonaro na região Sudeste.

“O policial que me abordou na rua, que me agrediu, que me chutou no chão, que me deu a rasteira, ele olhou para minha cara e falou assim: ‘Ele não? Você acha gostoso? Não era isso que você queria? Eu só tiro você daí se você falar ‘ele sim’”, relatou a cozinheira e doula Luisa Alencar.

Os policiais, durante a abordagem, fizeram declarações de apoio ao candidato à Presidência pelo PSL. O fato ocorreu na segunda-feira, dia 9 de outubro, na 64ª Delegacia de Polícia, no bairro Jardim Coimbra, em São Paulo.

Ela foi abordada por dois PMs por volta das 14 horas, próximo à sua casa. Estava fazendo um estêncil com os dizeres “Ele Não” em um muro. “Os policiais nem me chamaram nem me advertiram verbalmente, eles já chegaram me agredindo”, contou.

Um deles arrancou sua mochila, torceu seu braço e a algemou. “Enquanto ele me prensava na parede, ele começou a gritar no meu ouvido: ‘Sua puta, ele sim, sua puta, vagabunda, ele sim. Não vai ter mais nenhum vagabundo igual a você na rua fazendo essas merdas’.”

Luisa disse que o policial pediu que ela cruzasse as pernas e depois deu uma rasteira. “Eu caí de peito no chão. Ele já prensou minha cara no chão e continuou falando ‘sua puta petista, fedida’. Ele ficou ali me agredindo.”

O outro policial pediu reforço e, de acordo com a cozinheira, pouco tempo depois surgiu mais uma viatura e cinco motos da Polícia Militar. “Eles ficaram ainda fazendo uma cena, me prensando no chão, as pessoas me olhando naquela situação”, contou.

Luisa chegou à delegacia por volta das 15 horas. Ela conta que foi colocada em uma cela nua enquanto homens passavam, do outro lado das grades, olhando e rindo. “A delegada mandou eu tirar a roupa, algemada. Nisso, eles abriram já uma cela e me botaram lá dentro. Disseram que precisavam averiguar minha roupa, aí me deixaram pelada um tempo dentro da cela”, disse.

“Quem me conduziu e quem pediu para eu tirar a roupa era uma mulher, a delegada Cristiane. Só que enquanto eu estava dentro da cela passaram vários policiais homens, eles me olhavam e riam”, disse.

Ela conta que só saiu de trás das grades às 18:30, depois que obedeceu às ordens do policial e falou “ele sim”.

“Ele falava: ‘Olha pra mim, olha pra minha cara, fala ele sim’, dando risadas”, contou Luisa. “Eu saí da delegacia às 21h30. A sensação era que eu estava vivendo na ditadura.” Procurada para comentar o relato da jovem, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo enviou uma nota na qual afirma que “não há indícios de irregularidade na ação dos PMs e da delegada responsável pelo registro da ocorrência”.

Afirma ainda que a autora “também carregava uma porção de maconha e foi encaminhada ao 64º DP, onde foi lavrado um termo circunstanciado de crime ambiental e porte de drogas para consumo próprio”.

Também em São Paulo, a família de Laura Carolinah estava na avenida Paulista, no domingo de eleições, quando ouviu uma ameaça: “Essa mamata vai acabar, Bolsonaro vai acabar com todos vocês, vamos poder meter bala”, disse um simpatizante de Bolsonaro.

Laura estava com seu namorado, duas sobrinhas e a irmã em uma padaria, programa típico paulistano para um domingo. Sua irmã foi falar com a atendente para saber onde sentar, quando passou por um homem que esperava uma mesa.

“O homem, do nada, começou a gritar com minha irmã, disse que ela é vagabunda e que estava furando fila. Começou a gritar: ‘Pode sair daí, sua vagabunda’. “Pediu desculpas e tentou explicar que tinha sido um mal-entendido. Foi quando ele percebeu que ela não estava sozinha, mas se tratava de uma família negra.

“Quando ele me viu, viu meu namorado, minha sobrinha Any e a mais nova, Belinha [que está de rastafári], começou a gritar: ‘Essa mamata vai acabar, Bolsonaro vai acabar com todos vocês, vamos poder meter bala”, relata. Ele depois continuou para a irmã, segundo Laura: “Você é uma vagabunda, vai tomar no cu. Vocês votam no Haddad, vão perder de lavada’”, conta ela, um depoimento que fez na sua página do Facebook.

O áudio da carioca Juliana Sathler começou a circular nas redes sociais no início da tarde de terça-feira, dia 9 de outubro, alertando sobre o perigo de andar com adesivo escrito “Ele Não” na roupa. Um pouco antes de enviar o áudio para um grupo de amigos no WhatsApp, por volta de 12h30, um homem parou e empurrou Juliana em Copacabana, bairro da zona sul do Rio de Janeiro.

“Ele segurou meu braço dizendo que eu era uma vadia, esquerdista, que eu deveria voltar pra casa pra aprender a lavar roupa, que o Bolsonaro ia assumir pra me ensinar tudo isso”, revela a voz ainda de choro da interlocutora. Termina o áudio com um aviso: ‘‘Eu vou pedir pra vocês tomarem muito, muito cuidado, onde andam, com quem andam, sempre que for andar de adesivo, anda em grupo’’, conclui.

Em conversa com a Pública, Juliana Sathler conta que estava perto do trabalho, em seu horário de almoço. “Eu estava vestida com a roupa de trabalho, superformal, eu estava com os adesivos do ‘Ele Não’. Ele esbarrou em mim e ele me empurrou e começou a gritar.”

Conta que, quando começou a pedir ajuda, o homem soltou o braço dela e saiu correndo. “Na hora eu fiquei completamente perdida, eu fiquei assustada.” Na delegacia, informaram que ali não poderiam fazer muita coisa, que teria que fazer um BO online ou procurar uma delegacia da mulher, “visto que não tinha nenhum ferimento nem testemunhas”.

“Eu deixei bem claro que não foi um atentado por ser mulher, foi um eleitor do Bolsonaro, ele atacou uma pessoa, não o fato de ser mulher, ele atacou outra eleitora”, resume.

Um pouco menos de uma semana antes da eleição, no dia 2 de outubro, Ana Carolina Almeida foi perseguida na Linha Vermelha, na capital fluminense, quando dirigia seu carro indo do centro do Rio de Janeiro, por volta das 1h30 da madrugada, para Duque de Caxias.

“Um homem emparelhou o carro comigo e gritou ‘Bolsonaro’. Eu fui acelerar, ele foi atrás de mim e me fechou, começou me emparelhar, começou a gritar comigo um monte de coisas, ‘nossa bandeira é verde amarela’, um monte de besteira aleatória’’. Ela acredita que o motivo da agressão foi porque a parte de trás do seu carro tinha adesivos escritos ‘Ele Não’.

“Quando ele parou, pensei: ‘Ele vai me bater, ele vai me machucar’. Eu já estava chorando desesperadamente. Eu tinha que parar o carro porque poderia bater com ele, ia morrer nós dois.”

Ao sair do carro, o homem se apresentou como policial e mostrou um distintivo com o símbolo da República. “Falou que ia me prender, pegou uma algema, ficou me mostrando a algema, ele estava totalmente fora de si.”

Ana se lembra de coisas que ele falou, como: ‘‘Vocês acham que vão mudar o mundo, não vão mudar, nossa bandeira é verde e amarela, nunca vai ser vermelha”. Mas ela acredita que o homem que a parou não era um policial. “Teve um momento que ele falou: ‘Eu vou chamar a polícia’, com distintivo no peito. E eu pensei: “Ele não é policial’, ele é maluco’’.
Ataques homofóbicos

Segundo apurou a reportagem da Pública, diversos ataques foram direcionados à comunidade LGBT na região Sudeste. São casos em que a homofobia se mistura ao ódio eleitoral.

Para a jovem transexual de Belo Horizonte Guilderth Andrade, conhecida como Guil, a única palavra que vale para descrever o momento atual é medo. “Medo. É a única coisa que consigo definir no momento”, afirmou a cabeleireira Guil, de 21 anos.

Era quase meio-dia, ela estava na praça da Estação no ultimo sábado, dia de outubro, no centro da capital mineira, parada no ponto de ônibus. Na praça acontecia uma manifestação pró-Bolsonaro e um rapaz colou um adesivo do candidato em seu peito.

“Eu falei: ‘Não quero votar nele, você tem que ter respeito’, e tirei o adesivo.” De repente, sentiu um “tapão” nas costas. O rapaz havia colado outro adesivo. “Eu o arranquei novamente.” O homem deu então uma rasteira na jovem. “Eu caí, a bota dele cortou meu tornozelo. Se eu tentasse levantar, ele ia continuar me agredindo”, afirmou Guil.

A única pessoa que a ajudou foi um homem que também estava no ponto de ônibus. “As pessoas que estavam na manifestação não fizeram nada”, lamentou. Guil disse que não fez BO por medo. “Fiquei com medo de falar”, justificou. “A situação está muito extrema, não que não era difícil, mas está ficando pior”, acrescentou.

Guil afirmou que está cada vez com mais temor de sair de casa, pois tem escutado muitos relatos parecidos com o seu, de amigos LGBTs. “A gente vai ficando acuado, trancado em casa, não estou conseguindo trabalhar. Eu quero poder existir sem ser questionada e pressionada o tempo todo”, exclamou.

Amiga de Guil, Isabela – ela pediu para não usarmos seu nome real por medo de sofrer represálias –, de 25 anos, também é transexual e foi atacada em Belo Horizonte por quatro homens vestidos com camisetas em apoio à Jair Bolsonaro, depois de ter saído de uma festa, no dia 30 de setembro.

“Eles me puxaram para dentro do carro pela janela. Os dois de trás sentaram em cima de mim e deram muitos socos no meu rosto, jogaram cigarro aceso e ainda cuspiram”, contou. Segundo ela, um deles estava armado. “Durante todo o tempo, eu escutei: ‘Se ele ganhar, vamos poder caçar mais macacos’. Traveco. Não vamos te matar agora porque você ainda pode ter jeito, mas, se não tomar, você vai morrer de aids’.”

Depois dessa tortura, eles a mandaram descer sem olhar para trás, ameaçando atirar. “Meu amigo insistiu muito para que eu denunciasse à polícia, e a tentativa foi um total desastre. Todo o processo mais parecia uma tentativa de me incriminar de algo do que a solução de um crime cometido contra mim, a vítima”, relatou.


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