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quinta-feira, 4 de outubro de 2018

A Emenda Constitucional 95, que limita por 20 anos os gastos públicos, continua sendo um dos assuntos mais questionados


Senador Paulo Paim (PT/RS)
paulopaim@senador.leg.br

Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Senadores. 

A Emenda Constitucional 95, que limita por 20 anos os gastos públicos, continua sendo um dos assuntos mais questionados pelas pessoas que entram em contato com o meu gabinete. 
Conforme esta emenda constitucional, as despesas primárias da União estão limitadas ao que foi gasto no ano anterior corrigido pela inflação. 

Ou seja, por exemplo, em 2017, a despesa em termos reais (isto é, descontada a inflação ocorrida em 2016) ficou igual à realizada em 2016. 

Por sua vez, em 2018, o limite anual será o teto de 2017 acrescido da inflação, em 2017. E assim por diante, enquanto a emenda constitucional estiver em vigor.

Senhor Presidente,

Tenho grande apreço pelo contraditório. Isso é uma das bases do sistema democrático. Agora, muitos especialistas dizem que a Emenda Constitucional 95, do teto dos gastos, é um atentado ao desenvolvimento social econômico do país.  

Ela compromete todos os direitos sociais e afronta diretamente a Constituição Cidadã de 1988.

Compromete gravemente o atendimento dos direitos sociais previstos no Artigo 6º - educação, saúde, alimentação, trabalho, ...

... moradia, transporte, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.  

Afronta os objetivos do Artigo 3º, tendo em vista que ela inviabilizará o direito ao desenvolvimento socioeconômico do país, e não poderão avançar os programas que visam a erradicação da pobreza, a marginalização e as desigualdades.

Inviabiliza à Educação, o cumprimento do disposto no Artigo 208 e 212 e seus incisos.

Frustra o cumprimento do disposto no Artigo 196, relativamente ao atendimento à Saúde.

Portanto, ao promover drástica restrição, ajuste e congelamento sobre investimentos e gastos sociais essenciais à sociedade, ...

... esta emenda constitucional agrava o atendimento aos direitos sociais e impede o avanço socioeconômico do país.
De acordo com a projeção realizada pela Organização da Nações Unidas (ONU), até o ano de 2030, a população brasileira deverá aumentar 20,8 milhões, alcançando 228,6 milhões de pessoas.

Teremos, portanto, uma população maior, e um atendimento e um resguardo menor. O prejuízo social é iminente e gravíssimo.

Antes da promulgação dessa emenda, que ocorreu em dezembro de 2016, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), emitiu nota, abre aspas... 

... “é uma proposta injusta e seletiva. Ela elege, para pagar a conta do descontrole dos gastos, os trabalhadores e os pobres, ou seja, aqueles que mais precisam do Estado para que seus direitos constitucionais sejam garantidos. Além disso, beneficia os detentores do capital financeiro”, fecha aspas.

A Emenda Constitucional deixa fora do congelamento os gastos financeiros com a chamada dívida pública, pois tais gastos financeiros não fazem parte das despesas primárias.

Ela instaura tratamento discriminatório que privilegia o capital financeiro em detrimento de todos os direitos sociais e obrigações do Estado brasileiro.

Durante o longo período de 20 anos, o volume de gastos primários poderá ser atualizado apenas pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ...

... ainda que o país venha a conquistar grande avanços econômicos e aumente a arrecadação tributária, ou obtenha ganhos ou ingressos de quaisquer outras fontes patrimoniais ou econômicas.

A Emenda 95, da Morte, permite a destinação de recursos livremente, sem qualquer teto, limite ou restrição, ...

... a gastos com juros e encargos da chamada dívida pública, o que irá ampliar ainda mais a destinação de recursos a essa dívida que já ...

... consome, anualmente, quase a metade do orçamento federal, enquanto tantos direitos sociais são negados à população.

Ao limitar os investimentos em saúde, educação, trabalho, transporte, segurança, previdência social, entre outros, ...

... e favorecer o capital financeiro, o sistema da dívida e o esquema fraudulento operado por empresas estatais não dependentes ...

... que emitem debêntures (garantias da dívida pública), provocando danos financeiros, econômicos e patrimoniais ao País. 

Senhor Presidente,

A Emenda 95 está desmontando o Estado brasileiro. A quem interessa tudo isso? Quem são os favorecidos?

Com total certeza não é população brasileira, os mais pobres, os necessitados, a nossa juventude, os nossos estudantes, os nossos trabalhadores.

O governo federal deveria SIM é cobrar a sonegação de impostos e tributos no Brasil. Segundo o Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), o Brasil deixa de arrecadar por ano cerca de 8% do PIB nacional. 

Se o que é sonegado hoje no Brasil entrasse nos cofres dos governos municipal, estadual e da União, teríamos dinheiro para aplicar em políticas públicas que, obviamente, fariam a diferença na vida de milhões de pessoas. 

Com certeza ajudaria em muito nas demandas da sociedade, na melhoria de escolas, nos salários dos professores e servidores, na iluminação das ruas, na redução do IPTU, ...

... no saneamento básico, na segurança pública, nas estradas para escoação da produção, no valor das aposentadorias e pensões. 

Era o que tinha a dizer,
Sala das Sessões, 21 de junho de 2018.
Senador Paulo Paim. 

Bolsonaro mentiu ao falar de livro de educação sexual no ‘Jornal Nacional’

Candidato do PSL mostra publicação que seria parte do 'kit gay', mas título nunca foi comprado pelo MEC nem foi incluído no projeto Escola sem Homofobia


No que talvez tenha sido o momento mais tumultuado da sua entrevista no Jornal Nacional, na noite desta terça-feira, Jair Bolsonaro (PSL) mostrou às câmeras por poucos segundos um livro intitulado Aparelho sexual e Cia, cuja capa traz o desenho de um menino de topete loiro olhando um tanto quanto assustado para o que tem dentro das próprias calças. Seria só mais um dos incontáveis episódios polêmicos de um candidato que tem esbravejado contra o que chama de campanha para o ensino de "ideologia de gênero" nas escolas do Brasil, não fosse um detalhe: praticamente tudo o que o candidato falou quando se referiu à publicação não encontra respaldo na realidade.
"Tomei conhecimento [em 2010] do que estava acontecendo lá [num corredor da Câmara dos Deputados]. Eles tinham acabado o nono Seminário LGBT Infantil", disse Bolsonaro, após ter sido perguntado pela jornalista Renata Vasconcellos sobre suas manifestações prévias de caráter homofóbico. "Estavam discutindo ali, comemorando o lançamento de um material para combater a homofobia, que passou a ser conhecido como kit gay. Entre esse material estava esse livro lá. Então, o pai que tenha filho na sala agora, retira o filho da sala, para ele não ver isso aqui. Se bem que na biblioteca das escolas públicas tem", emendou, para logo ser interrompido pelo âncora do JN William Bonner, que o lembrou que não estava permitido mostrar qualquer material gráfico durante a entrevista.

Bolsonaro deu a entender na sua declaração que o livro, de autoria do suíço Philippe Chappuis (conhecido como Zep) e da francesa Hélène Bruller, formava parte do projeto Escola sem Homofobia, que recebeu a alcunha de kit gay e que criou uma forte polêmica no primeiro mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff. Basicamente, tratava-se de um kit de apoio para a formação de professores em temas relacionados aos direitos LGBT, como o combate à violência e ao preconceito no ambiente escolar. A pressão de grupos conservadores, no entanto, fez com que a então presidente vetasse a proposta, e as peças de conscientização nunca saíram da gaveta. Logo no estreia da administração Dilma, a bancada evangélica dava uma clara demonstração de força.
Acontece que o livro em questão nunca fez parte do projeto Escola sem Homofobia. E mais: sequer foi adquirido ou fez parte de algum programa do Ministério de Educação. "Ao contrário do que afirmou erroneamente o candidato à presidência em entrevista ao Jornal Nacional na noite de 28 de agosto, ele [o livro] nunca foi comprado pelo MEC, como tampouco fez parte de nenhum suposto kit gay", disse, em nota, a Companhia das Letras, editora que lançou Aparelho sexual e cia em 2007. O MEC confirmou a informação. O que há registrado é uma compra, por parte do Ministério da Cultura em 2011, de apenas 28 exemplares da publicação para o programa Livro Aberto. Os livros foram entregues a diferentes bibliotecas públicas do País. Segundo a pasta da Cultura, nenhum foi distribuído para escolas.
Outro ponto da resposta de Bolsonaro contestado logo após o fim da entrevista foi a menção a um suposto Seminário LGBT Infantil. Trata-se do Seminário Nacional LGBT, realizado anualmente por comissões da Câmara que atuam na defesa dos direitos dessas comunidades. De acordo com o deputado Jean Wyllys (PSOL), coordenador da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT, Bolsonaro está se referindo ao encontro promovido em 2012. Naquele ano, a temática escolhida para o seminário foi "Sexualidade, Papéis de Gênero e Educação na Infância e na Adolescência". Havia três eixos naquele seminário: Subjetividades e papéis de gênero (É possível falar em uma infância e adolescência gay?); Educação, sexualidade e gêneros (O que os papéis de gênero têm a ver com a prática do bullying nas escolas?); e Infância, adolescência e estado de direitos (Como estender as redes de proteção da infância e da adolescência aos meninos e meninas que fogem dos papéis de gênero?). A assessoria de Wyllys pontuou que não participaram crianças ao seminário, mas sim parlamentares, acadêmicos que estudam o tema e membros da sociedade civil. Em 2018, exemplifica Wyllys, a temática do seminário foi políticas para a população LGBT da terceira idade.
O livro citado na entrevista do JN foi publicado pelo nosso selo jovem. Infelizmente está fora de catálogo, mas nos orgulhamos da publicação

Reedição

Lançado pelo selo juvenil da Companhia das Letras, o livro mostrado por Bolsonaro está esgotado. Na nota que lançou na tarde desta quarta, a editora disse que está em contato com os donos dos direitos da obra para avaliar a possibilidade lançá-la novamente no Brasil. A Companhia das Letras afirmou ainda que o texto original foi traduzido para dez idiomas ao redor do mundo e vendeu mais de 1,5 milhão de cópias, tendo sendo transformado em exposição que ficou em cartaz em Paris. O público alvo da publicação é formado por adolescentes: no catálogo da editora, ela era sugerida para alunos de 11 a 15 anos.
A Companhia das Letras defendeu enfaticamente o título. Segundo a empresa, a publicação tem "sólida base pedagógica e rigor científico" ao abordar "todos os aspectos da sexualidade". No comunicado, a editora diz que os autores conseguem tratar de forma "leve" assuntos importantes como paixão, mudanças da puberdade, contracepção, doenças sexualmente transmissíveis, pedofilia e incesto. "O livro conta ainda com uma seção chamada 'Fique esperto', que alerta os adolescentes para situações de abuso, explica o que é pedofilia — mostrando como tal ato é crime —, o que é incesto e até fornece o contato do Disque-denúncia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos'", explica a Companhia das Letras. "O conteúdo da obra nada tem de pornográfico, uma vez que, formar e informar as crianças sobre sexualidade com responsabilidade é, inclusive, preocupação manifestada pelo próprio Estado, por meio de sua Secretaria de Cultura do Ministério da Educação que criou, dentre os Parâmetros Curriculares Nacionais, um específico à 'Orientação Sexual' para crianças, jovens e adolescentes", conclui a editora.orgulhamos da publicação

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