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quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Feliz Dia das Crianças ... Dependendo da Criança !!


Dia 12 de Outubro o povo brasileiro estará comemorando o dia das crianças. Crianças que eles condenam a um país sem direitos, sem futuro, sem educação e sendo entregue ao neonazifascismo. As crianças que são filhos de pobres e trabalhadores pagam pelas atitudes e erros dos pais, inclusive pelas decisões políticas deles. Logo vemos os ricos massacrando os pobres e seus filhos, bem como os taxando com pesados impostos, inclusive realizando a anulação de direitos sociais e trabalhistas que beneficiam diretamente os pobres e trabalhadores. Portanto, pobres e trabalhadores, uni-vos!!!
Eu conheço bem a realidade a seguir, pois aos 7 anos de idade por desgraças sociais e econômicas eu já perambulava pelas ruas sem pai, desprezado pela mãe e família, morando num barraco só de tábuas e sem piso, no barro puro, tendo que trabalhar para arrumar coisas para comer e sobreviver, passei até a mendigar, vender limão, vender picolé e doces pelas ruas desde os 7 anos, não tinha esperança e que nem viveria muito, pois o apelo a uma vida marginal e criminosa eram enorme, passei a furtar coisas para comer e vestir pelo desespero, frio e fome, isso desesperadamente a partir dos 8 anos de idade, e entre trabalhos pesado, cansativo, bicos e uso de algumas drogas para saciar a fome e a angústia já não tinha nenhuma perspectiva de vida. Só pensava e imaginava um futuro na cadeia e a morte antes dos 12 anos. Mas sobrevivi, venci tudo isso e após os 23 anos voltei a estudar, consegui emprego, fiz cursos e hoje professor e educador estou aqui para dizer que há esperança SIM! Há esperança para "a árvore cortada e sem raiz," há esperança para a vida que está perdida E SEM RUMO, há esperança para nosso povo e nossas crianças que estão jogados a própria sorte. E tudo o que consegui, desde a minha formação e as oportunidades que surgiram foram na era do governo Lula. Minha gratidão eterna! Não se deixem enganar e levar pelas propostas do fascismo e do ódio, diga não ao fascismo, não ao ódio, não a violência e a propagação de que as armas ajudarão na segurança e mudança do país! Pois quem vai morrer em maioria serão os pobres, trabalhadores e seus filhos, como já acontece. A EDUCAÇÃO pode ajudar a mudar! Diga não ao fascismo!

A tsunami fascista, por Gustavo Conde



A tsunami fascista
Por Gustavo Conde
Três semanas. Temos três semanas.
Imaginemos, só por um minuto, três cenários. Um catastrófico, um apocalíptico e outro mega tenso.
O catastrófico seria ver Bolsonaro mantendo a liderança nas pesquisas ao longo dos dias. Calculem comigo: Haddad tem que conquistar 20 milhões de votos em 20 dias (um milhão por dia).
Difícil, mas não impossível.
Bolsonaro, por sua vez, teria de perder alguns milhões. Se tivesse debate, seria bem possível. Mas será que teremos?
Daí que em um cenário catastrófico, teríamos o fascismo liderando na reta final do segundo turno, provocando uma desolação sem precedentes e fazendo o país entrar em parafuso emocional.
Vamos para o cenário apocalíptico (um pouco melhor). Haddad cresce e empata com Bolsonaro. Iríamos para eleição, no entanto, como quem vai para o precipício, uma vez que os institutos de pesquisa erraram demais nesse primeiro turno.
Finalmente, o cenário mega tenso. Haddad passa Bolsonaro e abre 10 pontos. O fascismo enlouquece e abre o maior flanco de violência e fakenews da história do planeta Terra.
Sem contar que, mais uma vez, as pesquisas podem estar erradas.
Some-se isso ao fato de que o poder judiciário não moveu um músculo a respeito da fakenews propagada e divulgada por Flávio Bolsonaro (a urna que fraudava votos em favor do PT).
Some-se isso ao desespero da Blogosfera, que começa a cair no discurso fácil de que o PT é um 'marca ultrapassada' e que é preciso rotular a candidatura de Haddad como 'frente ampla'.
Some-se isso às naturais alucinações do eleitor inseguro e massacrado de esquerda, mega traumatizado com o golpe e com o atávico medo de perder que ronda a psiquê do brasileiro.
Some-se isso a isso, àquilo e a mais um pouco e temos um cenário bem chatinho.
Eu não tenho medo. Mas que o horror soube se aninhar em um Brasil que prendeu a sua esperança, ah, soube.
O fenômeno extrapola compreensões simplistas e espasmódicas (que é o que mais iremos ter a partir de agora).
Gente querendo inventar a roda, heróis dispostos a redigir a estratégia perfeita, analistas cheios de si babando para conquistar o mercado editorial digital com suas hipóteses mirabolantes, mas sedutoras (porque justamente simplórias).
Não será fácil sequer testemunhar tudo isso.

Posso assegurar, no entanto, que eu vou tentar iluminar alguns pontos de resistência, aqui e ali.
Como sempre, sem rabo preso, sem medo e sem querer agradar a plateia.
O mundo é muito mais complexo e interessante do que a mera conquista de espaço crítico. O mundo, meus caros, é aonde o meu filho vai habitar depois que tudo isso acabar (ou não).

SE VOCÊ ESTÁ PREOCUPADO COM A CRISE, DEVERIA SE PREOCUPAR COM O PLANO ECONÔMICO DE JAIR BOLSONARO


Por Alexandre Andrada


LER O PROGRAMA de governo de Jair Bolsonaro, intitulado O Caminho da Prosperidade, é aventurar-se pela cabeça do candidato e de sua equipe. E esse é o lado ruim.

Assusta que um candidato apresente um projeto tão pífio para uma campanha presidencial. Assusta que esse candidato seja o atual líder nas pesquisas de opinião. Bolsonaro é uma ameaça não só para nossa democracia, mas também para nosso desenvolvimento econômico e para os nossos frágeis avanços sociais.

Vamos ao que interessa: a economia. O documento começa afirmando que a área será liderada por duas instituições: o Banco Central e o Ministério da Economia. Esse último seria resultado da junção dos ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Indústria & Comércio, além da Secretaria Executiva do Programa de Parcerias de Investimentos. As instituições financeiras federais, diz o documento, também estarão subordinadas ao novo Ministério.

Não é uma novidade. O Brasil já teve um Ministério da Economia resultante da junção dessas mesmas pastas. A ideia de Bolsonaro nada mais é que um plágio do que foi feito por Fernando Collor de Mello durante seu breve governo (1990-1992). A ideia, tanto lá em 1990 quanto hoje em 2018, é de sinalizar para o público que o governo é sério, austero, evita o desperdício.

O resultado prático, porém, pode ser negativo.

Assim como Collor entregou poderes excessivos para uma economista sem qualquer experiência na alta burocracia federal (no caso, Zélia Cardoso de Melo), Bolsonaro promete fazer algo similar, dotando Paulo Guedes de superpoderes. Responsável pelo Plano Collor, Zélia confiscou o dinheiro da poupança e da conta corrente dos brasileiros, provocando uma grave crise econômica. E falhou no combate à hiperinflação.

Paulo Guedes é confiável e capaz de gerenciar tão amplo espectro da administração pública? É provável que não.

Pérsio Arida, principal economista da equipe do tucano Geraldo Alckmin, usualmente diplomático, recentemente classificou Guedes como “mitômano” e afirmou: “Ele nunca produziu um artigo de relevo. Nunca dedicou um minuto à vida pública, não faz ideia das dificuldades”.

Arida, goste-se ou não de suas ideias, é um acadêmico de peso e foi um dos elaboradores intelectuais do que viria a ser o Plano Real. Também ocupou diversos cargos na burocracia federal, chegando à presidência do Banco Central e do BNDES.

Os outros economistas por trás dos principais candidatos também têm experiência prática: Mauro Benevides, coordenador do projeto econômico de Ciro Gomes, além de acadêmico, tem mais de 20 anos de experiência como Secretário de Fazenda no Ceará. Na campanha está outro professor da Universidade Federal do Ceará, Flávio Ataliba, reconhecidamente um grande estudioso da questão previdenciária no país. Marina Silva conta com a colaboração de nomes como André Lara Resende e Ricardo Paes de Barros, dois pesos-pesados da teoria e da política econômica nacional há décadas.

Fernando Haddad (PT) tem na sua retaguarda gente como Nelson Barbosa, cuja experiência como ministro do Planejamento e da Fazenda são importantes, além de ter começado a manter conversas com economistas de alto nível e críticos de seu partido, como Samuel Pessoa e Marcos Lisboa (que ocupou cargo de relevo no Ministério da Fazenda na gestão Palocci).

O superministro de Bolsonaro, Paulo Guedes, por outro lado, ainda que seja portador de um vistoso título de PhD pela Universidade de Chicago, jamais desempenhou uma função de relevo na burocracia federal. Pior ainda, sequer dedicou tempo e recursos para a elaboração de um plano – isto é, de um conjunto claro e factível de medidas – para sanear a economia brasileira.

Paulo Guedes, pelo visto, tem consciência de seu despreparo para tal função. Talvez por isso mesmo tenha fugido do debate com os economistas das demais candidaturas, realizado recentemente pela TV Cultura


Quando tenta ir além de chavões pavorosos e sem significado algum – como “o liberalismo reduz a inflação” –, o resultado é sofrível e risível.

A campanha de Bolsonaro fala, por exemplo, em zerar o déficit primário – o prejuízo nas contas públicas – em 2019 e gerar um superávit no ano seguinte. Ou seja: Em 2017, o déficit primário foi de R$ 124 bilhões. Para 2018, a previsão é que ele chegue a quase R$ 150 bilhões. Isso é muito preocupante.

Como Paulo Guedes fará isso é uma gigantesca incógnita. A única pista é quando ele diz: “Esse processo de redução de dívida será reforçado com a realização de ativos públicos.” Em outras palavras, venda de estatais e privatizações.

Essa é uma afirmação que faz transparecer todo o despreparo da equipe de econômica de Bolsonaro.

Qualquer cidadão brasileiro alfabetizado sabe que, após quase 40 anos de debates em torno da necessidade de privatizações no Brasil (algo que data pelo menos desde o governo Sarney), em apenas um ano de mandato (supondo que ele seja democrático) não é possível privatizar sequer o cafezinho servido nas repartições. Que dirá uma estoque de ativos capaz de gerar caixa da ordem de R$ 150 bilhões. Para se ter uma ideia, a venda de 80% da Embraer, em julho, rendeu apenas 10% desse valor – R$ 15 bilhões.

Trata-se de uma mistura assustadora de inocência e ignorância.

Mas o plano é ainda mais ousado. Fala-se em “reduzir em 20% o volume da dívida por meio de privatizações, concessões, venda de propriedades imobiliárias da União e devolução de recursos em instituições financeiras oficiais que hoje são utilizados sem um benefício claro à população brasileira.”

Pois bem: a dívida pública brasileira é de R$ 3,7 trilhões. Os 20% descritos pelo plano equivalem a R$ 740 bilhões de reais – o dobro do valor da Petrobrás, que costuma ocupar o posto de maior empresa do Brasil, para se ter uma ideia.

Não há possibilidade de se fazer um ajuste de R$ 150 bilhões no espaço de um ano através da venda de ativos da União. Então, como último e mais óbvio recurso, só caberá ao governo Bolsonaro (toc toc toc na madeira) reduzir gastos.

Se assim o fizer, provavelmente produzirá a maior recessão de nossa história.

Em uma economia mal saída da recessão como a nossa, um ajuste fiscal tão abrupto e de tal magnitude, implicaria numa derrubada ainda maior nos níveis de consumo e investimentos, públicos e privados, componentes fundamentais do PIB.
O impacto para os mais pobres.




Em seu blog pessoal, em agosto de 2017, Sachsida defendeu uma proposta para lá de exótica para a questão dos impostos. Afirma ser favorável a um sistema tributário no qual todos os indivíduos, desde Amoêdo com seus quase R$ 500 milhões, passando por qualquer Dona Maria que ganha um salário mínimo, paguem uma mesma quantia fixa. O valor desse imposto fixo seria de R$ 1,2 mil por mês. Trata-se de uma insanidade tributária completa. Na contramão inclusive do que pregavam liberais com juízo, como Adam Smith, que, em tese, estariam ligados a este novo momento de Bolsonaro. Mas, no caso do candidato, a máscara de liberal é recente e feita sob medida para agradar o “mercado”.

Outro famoso economista da equipe de Bolsonaro é Marcos Cintra.

Colunista da Folha de S.Paulo durante décadas, gastou muita tinta em defesa da implementação de um imposto único no Brasil. Sua ideia é criar um tributo tal qual a antiga CPMF, incidente sobre movimentação financeira, com alíquota de 2,81%. O próprio Paulo Guedes falou sobre esse novo imposto nesta semana.



Além dos problemas microeconômicos gerados por esse tipo de imposto, como o estímulo ao uso de dinheiro vivo para fugir da tributação e sua incidência “em cascata” (isto é, incide sobre várias etapas na circulação de um produto), ele também cria uma nova penalização para os mais pobres, que acabam pagando a mesma taxa do que a parcela mais rica da população.Não é justo, nem moral, que os cidadãos paguem todos uma mesma alíquota de imposto. Imagine que o governo fixe um imposto único de 10% sobre os rendimentos de todos os cidadãos.

No caso de uma pessoa que ganha um salário mínimo – de R$ 1.000, para simplificar a conta – isso significa entregar R$ 100 todos os meses ao governo. Dinheiro que fará falta para comprar um botijão de gás, comprar um quilo de carne, uma roupa nova e outras necessidades básicas.

Agora imagine a pessoa que ganha R$ 10 mil por mês. Nesse caso, os R$ 1.000 entregues ao governo, ainda que façam falta, não comprometerão a subsistência do indivíduo como no primeiro caso. Essa pessoa já pagou aluguel, já se alimentou, já se vestiu de modo satisfatório com os R$ 9 mil que lhe restam.

O plano da equipe econômica de Bolsonaro fala ainda na criação de um imposto de renda negativo. Essa ideia, tal qual a implementação de um imposto fixo como proposto por Sachsida, é curiosidade presente apenas nas páginas dos manuais de Economia. Nenhum país do mundo jamais implementou tais medidas.


Revista liberal critica duramente o candidato – especialmente seu flerte com a ditadura. 

Foto: reprodução

Bolsonaro ainda propõe a criação de uma carteira de trabalho “verde e amarela”, alternativa à carteira azul tradicional. Nessa nova carteira, cuja aderência seria voluntária, “o contrato individual prevalece sobre a CLT”. O documento alerta que seriam preservados os “direitos constitucionais” – ressalva de pouco valor, já que o general Mourão, vice da chapa, parece andar flertando com a ideia de escrever uma nova Constituição.

No atual ambiente de alto desemprego, o poder de barganha dos trabalhadores fica severamente reduzido. Por isso, temos razões para acreditar que antes de ser a escolha do empregado, tal carteira será um imposição dos patrões, notadamente para aqueles trabalhadores mais pobres, menos qualificados e mais vulneráveis.

Ainda que haja muita informalidade no Brasil e que existam argumentos em favor da modernização da legislação trabalhista, é bom lembrar que o motor fundamental da criação de novos empregos não é a facilidade de contratar e demitir, mas sim o estado geral da economia. A menor taxa de desemprego registrada na região metropolitana de São Paulo desde 1994, foi registrada em dezembro de 2011, quando chegou a 6,9%. Em junho deste ano, o valor registrado foi de 14,20%.
Não foi por acaso que a The Economist classificou Bolsonaro como uma ‘ameaça’.

São muitas as propostas estranhas ou inviáveis de Bolsonaro para a área econômica. Não se pode sequer chamar o documento de plano de governo, ou coisa que o valha. Trata-se de um apanhado de generalidades, de citações superficiais de documentos de terceiros, sem uma gota de suor ou esforço próprio de sua equipe.

Os “formuladores” (permitam a liberdade poética) do plano podem afirmar que nossas interpretações estão equivocadas, que eles queriam dizer outra coisa. É possível. O problema é que as propostas são tão rasas, tão supérfluas, tão mal elaboradas, desacompanhadas de quaisquer explicações ou números, que só podemos imaginar que se trata de um trabalho feito às pressas, sem qualquer preocupação com a seriedade da tarefa de governar o Brasil.

Causa surpresa que o “mercado” brasileiro, após o fracasso da candidatura de Alckmin (PSDB) e Meirelles (MDB), tenha abraçado Bolsonaro como um candidato sério, viável e preferível às demais alternativas. De novo: um governo Bolsonaro implica em um risco grave para nossas instituições políticas e econômicas. Isso fica evidente para qualquer analista que se preste a estudar seus atos, palavras e propostas. Não por acaso, a revista The Economist, que nem o mais tresloucado apoiador de Bolsonaro ousaria classificar como “esquerdista”, “petista” ou “bolivariana”, o classificou como “uma ameaça”, afirmando que ele seria “um presidente desastroso”.

Oxalá que o Brasil não embarque nesse pesadelo.


https://theintercept.com/2018/09/20/bolsonaro-economia/

O COMUNISMO MEQUETREFE DO PT


O COMUNISMO MEQUETREFE DO PT
O Partido dos Trabalhadores me proporcionou duas grandes surpresas. Primeiro, positiva. Depois, negativa. A positiva se deve ao fato de haver crescido durante a Guerra Fria, ouvindo horrores acerca dos “comunistas”. Durante o regime militar, fui doutrinado em sala de aula por matérias como OSPB (Organização Social e Política Brasileira) e Moral e Cívica. Na escola pública onde estudava, tínhamos que nos formar no pátio e jurar fidelidade à bandeira embalados pelo Hino Nacional todos os dias. Diferentemente das crianças dos anos 80 e 90 que cresceram aos cuidados de Xuxa e Cia, eu cresci assistindo ao Capitão Aza, programa infantil comandado por um personagem militar que usava um capacete com o símbolo do Capitão América. Minha visão de mundo foi diretamente influenciada pelos enlatados Made in USA transmitidos na sessão da tarde, em que o homem branco era sempre o mocinho e o índio, também chamado de pele vermelha era sempre o bandido.
Meu pai, filho do seu próprio tempo, nos advertia que se um dia os comunas chegassem ao poder, teríamos que dividir nossa casa com outras famílias e estar dispostos a morrer por nossa fé. Foi para frear a ascensão comunista que ele apoiou Moreira Franco para o governo do Rio em oposição a Leonel Brizola. Mais tarde, ele foi o orador do lançamento da candidatura de Fernando Collor de Mello, o caçador de marajás, num restaurante do Rio de Janeiro. Portanto, posso assegurar que nasci e cresci num lar tipicamente cristão e conservador. Infelizmente, meu pai não viveu o suficiente para ver seus temores ruírem com a eleição de um metalúrgico ao mais importante posto político do país.
Nem preciso dizer que desperdicei meu primeiro voto em Collor. À época, pastores faziam campanha contra Lula em seus programas radiofônicos, afirmando que caso fosse eleito, implantaria o comunismo no país, fechando igrejas e lançando os cristãos na cadeia. Cheguei a ouvir pastores da Universal dizendo que se os fiéis acreditavam piamente que o Espírito Santo dirigia e inspirava o seu bispo, teriam que votar em quem ele indicasse. Fotos do Lula eram levadas aos púlpitos para que os fiéis erguessem suas mãos em sua direção e amaldiçoasse a sua candidatura.
Assim que Lula assumiu o poder em seu primeiro mandato, uma das primeiras medidas que tomou foi convidar líderes evangélicos para um encontro no Palácio do Planalto. Fui convidado com outros 39 líderes de várias denominações para nos reunir com aquele a quem por anos chamávamos de “sapo barbudo”. Alguns dos que hoje vociferam em seus programas de TV contra a esquerda e o PT também estavam lá, faceiros, orgulhosos por entrarem pela primeira vez no centro do poder para uma audiência com ninguém menos que o presidente da república. Nunca antes na história de nosso país, pastores haviam sido convidados para participar de políticas sociais que pretendiam tirar milhões de pessoas da mais absoluta miséria. Em vez de nos enviar para o temido paredão (houve quem pensasse que aquela reunião pudesse ser uma armadilha), Lula nos pediu que o ajudasse, mas não nos prometeu nada. Soava-me ingênuo de sua parte acreditar que alguns daqueles homens se engajariam numa luta contra a miséria sem esperar algo em troca. Assim que cheguei a Brasília, pensei com os meus botões: com o que será que nossos pastores estão se metendo? Mas depois de ouvir os comentários dos mesmos nos bastidores, pensei: Este presidente é que não sabe onde está se metendo... A maior parte deles trazia na manga alguma reivindicação que beneficiasse seu ministério particular.
Devo confessar que não saí dali convencido. Cheguei a imaginar que tudo aquilo poderia ser uma manobra de alguém que quisesse implantar um regime totalitário no país. Verdade é que alguns daqueles líderes acabaram se envolvendo em tais políticas sociais; mas eu preferi manter distância. Não apenas por não estar convencido da sinceridade do presidente, mas por haver decidido manter nossa igreja distante de qualquer envolvimento político-partidário.
Os anos se passaram. Lula foi reeleito e terminou seu governo com o maior índice de popularidade entre todos os presidentes (87%). Pela primeira vez, ao apresentar-me no exterior como pastor brasileiro, perguntavam-me por Lula e não mais por Pelé. Percebi em minhas viagens aos EUA que o fluxo migratório havia se revertido. Havia mais brasileiros voltando para o Brasil cheios de esperanças, do que deixando-o pelo american dream. O brasileiro passou a ser tão cobiçado pela indústria turística, que alguns países deixaram de exigir dele um visto de entrada. Até os EUA passaram a estudar a possibilidade de suspender a dura política de vistos para brasileiros. Tudo graças ao período de prosperidade que vivíamos então. Sem contar que o país deixou de ser mero coadjuvante para tornar-se num poderoso e respeitado protagonista no tabuleiro da política internacional. Deixamos de ser vistos como república das bananas para ser vistos como uma potência em ascensão.
Trinta e seis milhões de cidadãos brasileiros foram içados de sua condição de miséria absoluta. Outros tantos milhões foram introduzidos à nova classe média.
Visitando os membros de nossa igreja que moram em comunidades carentes, pude observar quantos tiveram acesso a bens de consumo. A velha geladeira com a porta pendurada com arame cedeu a um refrigerador duplex. Aparelhos de ar condicionado nos quartos. TVs de tela fina. Celulares. Internet e TV por assinatura. E não raras vezes, um carro estacionado no pé do morro. Vibrei cada vez que celebrei o aniversário de quinze anos da filha de uma família pobre ou o casamento dos sonhos de um casal de origem humilde.
Comemorei cada vez que um irmão de comunidade vinha me contar que seu filho ou filha havia ingressado em uma universidade pública.
Se por um lado, vibrava com as conquistas sociais, por outro, preocupava ver as alianças que o governo fazia em nome da governabilidade. Constrangia-me ver Lula posando ao lado dos caciques da política, gente do quilate ético de José Sarney e Paulo Maluf. Também ficava constrangido cada vez que lia a notícia de que “nunca na história do país” os bancos haviam lucrado tanto. Temia que o PT houvesse vendido sua alma ao diabo e que, eventualmente, ele viria cobrar. E veio.
Detestei ver Dilma desfilando nos púlpitos de igrejas evangélicas durante sua campanha presidencial (ela não foi a única!). Não gostei de vê-la na inauguração do Templo de Salomão. Jamais gostei de vê-la falar em público. Uma lástima. Falta-lhe o traquejo e o carisma de seu mentor. Mas, sinceramente, não consigo ver nela uma pessoa de má fé. Mesmo não me passando confiança em seu discurso, respeito sua história de luta contra o regime militar, o que lhe rendeu prisões e torturas.
Sem dúvida, minha maior decepção se deu quando começaram a estourar os escândalos de corrupção. Parafraseando Jesus aos Efésios, parece que o PT deixou o seu primeiro amor. Todo o discurso ético que marcou sua trajetória foi lançado na lata do lixo.
Posso dizer, sem medo de errar, que o PT traiu o seu povo e a sua própria história, e, certamente está pagando um alto preço por isso. Seria tolice acreditar que ele esteja só nesta lama. O partido mais citado na Lava Jato é o PP, que foi o partido em que Bolsonaro se elegeu deputado federal antes de migrar para o PSL. Quase todos os partidos estão atolados até o pescoço. Porém, nenhum deles tem o histórico do PT. Que todos errassem, mas ele não tinha o direito de errar. Pelo menos, não no que tange à corrupção. Que fosse por gestão incompetente, mas nunca por improbidade.
Como todo brasileiro que se preze, estou farto de corrupção. O país precisa ser passado a limpo. Todo este mar de lama tem que ser varrido de uma vez por todas.
O Brasil precisa de muito mais que um “lava-jato”. Ele precisa de uma faxina completa, e não apenas de uma ducha rápida na carroceria para inglês ver. Nossas instituições precisam ser aspiradas do lado de dentro, e ter suas rodas devidamente calibradas e balanceadas. O país precisa de um pitstop para trocar o óleo do motor que a esta altura já virou uma gosma queimada que perdeu sua viscosidade. E isso, antes que o motor entre em pane.
Pelo jeito, teremos que cortar na própria pele, deixando de lado as paixões ideológicas e partidárias e admitindo que fracassamos como sociedade, a que instituiu o jeitinho e despudoradamente se orgulha disso como se fosse um patrimônio tombado.
Não vale tudo para reverter o que está aí. Devemos pautar pela ética, pelo estado de direito, pelo o que é justo e verdadeiro. Infelizmente, boa parte das lideranças evangélicas há muito trocou a Bíblia por Maquiavel. Paulo, o apóstolo, nos adverte a que não usemos armas carnais em nossa militância contra o mal (2 Coríntios 10:4). Dentre tais armas estão os fake news, as meias-verdades, as insinuações, as calúnias que hoje inundam as redes sociais.
Como cantava Cazuza, “eu vejo o futuro repetir o passado, um museu de grandes novidades.” Ou como disse o sábio Salomão, “não há nada novo debaixo do sol. O que é, já foi um dia.”
Os mesmos argumentos usados em 1964 pelos que participaram da “marcha pela família com Deus pela liberdade”, são exaustivamente repetidos nos púlpitos e programas evangélicos televisivos. Aceitamos a oferta de Saul e vestimos sua armadura.
Dentre os fake News, destaca-se o que aterroriza a sociedade com a ameaça comunista (já vi este filme tantas vezes que já até perdi a conta). Por que um governo comunista, como alega Malafaia e Cia, isentaria as igrejas de IPTU? Se houvesse pretensão de instalar uma ditadura, por que ainda não o fez, mesmo tendo aparelhado o estado? O que é que estão esperando? Que comunismo mais mequetrefe, que nem sequer cassou concessões de TV que lhe fazem oposição aberta diuturnamente!
Que governo totalitário permite que a polícia federal e o judiciário façam o que estão fazendo? O que, aliás, outros governos considerados conservadores nem de longe permitiram.
De acordo com Renato Janine, professor de Ciências Políticas da USP, “o princípio de todo partido ou militante comunista é a abolição da propriedade privada dos meios de produção. Quer dizer que só a sociedade pode ser dona de fábricas, fazendas, empresas. Já residências, carros, roupas e hortas para uso pessoal ou familiar não precisariam ser expropriadas de seus proprietários privados. A casa em que eu moro não é ‘meio de produção’. Menos ainda, minha roupa. Mesmo a horta, em vários países comunistas, ficou em mãos particulares. Seja como for, o ponto de partida do comunismo é: a propriedade privada dos meios de produção — fazendas, fábricas — é injusta e, também, ineficiente. Deve ser suprimida. Sem essa tese, não há comunismo.”
Ora, até o presente momento, não se ouve falar de latifúndios que teriam sido desapropriados pelo governo em benefício do MST, por exemplo. A tão esperada reforma agrária nunca saiu do papel (lamentavelmente!). E por que as estatais privatizadas pelos tucanos a preço de banana não foram ainda retomadas? Que comunismozinho mais sem vergonha!
Outra coisa: os Malafaias e Felicianos da vida seguem aterrorizando os crentes dizendo que o comunismo trabalha para destruir o conceito de família tradicional, com sua agenda LGBT e sua ideologia de gênero. Ora, ora, quem introduziu a equivocadamente chamada “ideologia de gênero” não foi algum país comunista, mas a maior potência capitalista do mundo, os Estados Unidos. Países considerados comunistas como a China punem severamente a prática homossexual.
A que conclusão podemos chegar com o que expus até aqui? Há muito que criticar o PT, mas será um baita equívoco criticá-lo por ser comunista. Por trás da falsa e alardeada conexão entre o PT e o comunismo está uma visão de mundo reducionista, fruto de um raciocínio raso e primitivo, que atrela qualquer grupo ou ato da esquerda política ao bolchevismo ou ao bolivarismo.
Definitivamente, 1964 é um filme que não vale a pena ver de novo. Os argumentos são os mesmos. As mentiras, idem. Alegavam que João Goulart pretendia dar um golpe comunista e que a única maneira de evitá-lo seria um contragolpe. Deu no que deu. Que não se repita nunca mais.
Não votei no PT no primeiro turno. Aliás, não votei em ninguém devido à minha condição física atual. E nem sei se poderei votar no segundo. Apesar de minhas críticas ao PT, faço minhas as palavras do amigo Léo Maltrapilho: “Prefiro passar quatro anos gritando contra o Haddad do que perder o direito de gritar.”
#EleNãoO COMUNISMO MEQUETREFE DO PT - Por Hermes C. Fernandes

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