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quarta-feira, 10 de outubro de 2018

A tsunami fascista, por Gustavo Conde



A tsunami fascista
Por Gustavo Conde
Três semanas. Temos três semanas.
Imaginemos, só por um minuto, três cenários. Um catastrófico, um apocalíptico e outro mega tenso.
O catastrófico seria ver Bolsonaro mantendo a liderança nas pesquisas ao longo dos dias. Calculem comigo: Haddad tem que conquistar 20 milhões de votos em 20 dias (um milhão por dia).
Difícil, mas não impossível.
Bolsonaro, por sua vez, teria de perder alguns milhões. Se tivesse debate, seria bem possível. Mas será que teremos?
Daí que em um cenário catastrófico, teríamos o fascismo liderando na reta final do segundo turno, provocando uma desolação sem precedentes e fazendo o país entrar em parafuso emocional.
Vamos para o cenário apocalíptico (um pouco melhor). Haddad cresce e empata com Bolsonaro. Iríamos para eleição, no entanto, como quem vai para o precipício, uma vez que os institutos de pesquisa erraram demais nesse primeiro turno.
Finalmente, o cenário mega tenso. Haddad passa Bolsonaro e abre 10 pontos. O fascismo enlouquece e abre o maior flanco de violência e fakenews da história do planeta Terra.
Sem contar que, mais uma vez, as pesquisas podem estar erradas.
Some-se isso ao fato de que o poder judiciário não moveu um músculo a respeito da fakenews propagada e divulgada por Flávio Bolsonaro (a urna que fraudava votos em favor do PT).
Some-se isso ao desespero da Blogosfera, que começa a cair no discurso fácil de que o PT é um 'marca ultrapassada' e que é preciso rotular a candidatura de Haddad como 'frente ampla'.
Some-se isso às naturais alucinações do eleitor inseguro e massacrado de esquerda, mega traumatizado com o golpe e com o atávico medo de perder que ronda a psiquê do brasileiro.
Some-se isso a isso, àquilo e a mais um pouco e temos um cenário bem chatinho.
Eu não tenho medo. Mas que o horror soube se aninhar em um Brasil que prendeu a sua esperança, ah, soube.
O fenômeno extrapola compreensões simplistas e espasmódicas (que é o que mais iremos ter a partir de agora).
Gente querendo inventar a roda, heróis dispostos a redigir a estratégia perfeita, analistas cheios de si babando para conquistar o mercado editorial digital com suas hipóteses mirabolantes, mas sedutoras (porque justamente simplórias).
Não será fácil sequer testemunhar tudo isso.

Posso assegurar, no entanto, que eu vou tentar iluminar alguns pontos de resistência, aqui e ali.
Como sempre, sem rabo preso, sem medo e sem querer agradar a plateia.
O mundo é muito mais complexo e interessante do que a mera conquista de espaço crítico. O mundo, meus caros, é aonde o meu filho vai habitar depois que tudo isso acabar (ou não).

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