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sábado, 12 de janeiro de 2019

MADURO, ATÉ O FIM



MADURO, ATÉ O FIM

Eu juro que queria ter essas certezas absolutas que leio em toda parte sobre a tal ditadura de Nicolás Maduro, mas não tenho. E por uma razão bem simples: são todas enviesadas, tanto pela direita que o odeia como pela esquerda que o inveja.

O fato é que Maduro, apesar de ser atacado pelos Estados Unidos sem intermediários, está de pé. A Venezuela não se dobrou, nem mesmo fustigada por uma crise econômica devastadora, com as consequências sociais que todos testemunhamos.

O Brasil, pelas mãos de um juiz de primeira instância apoiado por uma multidão de analfabetos políticos, não só sucumbiu ao um golpe parlamentar como, de quebra, elegeu uma besta quadrada cercada de lunáticos e fanáticos religiosos.

É preciso ter em mente que toda a informação que temos sobre a Venezuela é filtrada pela mídia, a nossa mídia, a pior e mais servil do planeta. Nela, a Venezuela é uma ditadura porque o presidente domina os poderes constituídos e as Forças Armadas, sem dar moleza a uma oposição golpista e entreguista, que ama mais Miami que o país onde mora.

Ou seja, tudo que o PT foi acusado de fazer, mas não fez, para desgraça de todos.

Todas as eleições na Venezuela, desde a Era Chávez, portanto, há quase duas décadas, são realizadas com a presença de observadores internacionais. Todas.

Na última, em maio de 2018, foram 200 observadores, sem que nenhuma ocorrência de fraude fosse notificada. Nenhuma. O voto na Venezuela sequer é obrigatório, portanto, não há, como ocorre aqui, a possibilidade de criação de currais eleitorais. Há, sim, gente politizada, principalmente, à esquerda.

A posse de Maduro contou com delegações internacionais de 94 países, além de representantes de organismos internacionais como as diversas agências da ONU, a Organização da Unidade Africana (OUA) e a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) – da qual ele será o próximo presidente.

Maduro e o povo venezuelano são odiados por gente como Donald Trump e Jair Bolsonaro. Em 2015, uma patética comitiva de senadores comandada por Aécio Neves, do PSDB, com gente do naipe de Ronaldo Caiado e Aloysio Nunes Ferreira, foi a Caracas para criar um factoide contra Maduro. Foram recebidos a pedradas e tiveram que voltar com o rabo entre as pernas.

Aqui, deixaram essa gente se criar. Agora, com a ajuda de certa esquerda ressentida, ficam criticando a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, por prestigiar a posse de Maduro.

Fez ela muito bem.


Gleisi, sobrenome Coragem.

Gleisi Hoffmann foi à posse de Nicolás Maduro. Essa mulher será o fiel da balança em 2019. Ela não se intimida com absolutamente nada.

Sua maneira de liderar o maior partido político do país foi ficando cada vez mais densa e articulada. Ela "encaixou".

Vale lembrar: Gleisi assumiu o PT no momento mais delicado da história do partido e do país. O desafio era imenso. Não é trivial calibrar o discurso em momento tão hostil, quase em um colapso generalizado dos sentidos políticos e sociais.

Mais uma vez, a intuição de Lula funcionou como uma prévia histórica dos protagonismos políticos. Lula apoiou Gleisi à presidência do partido para surpresa de muitos àquele momento.

Ele apostara mais uma vez na força da mulher.

Depois de espancarem a democracia e a presidenta eleita Dilma Rousseff, Lula entendeu - com sua inteligência feminina e intuitiva - que não era a hora de recuar nesse quesito simbólico, impregnado de sentido político: o protagonismo da mulher.

Gleisi Hoffmann simplesmente domina a cena da ação democrática neste momento, com o discurso mais sólido e mais investido de legitimidade política.

Ela enquadrou Ciro Gomes, coisa que nenhum "homem" de esquerda havia feito até então. Com imensa classe, diga-se de passagem.

Ela chamou os militares para uma "conversa séria", sem os ideologismos 'cansados' do bolsonarismo.

Seu texto é primoroso. Ela dá o tom discursivo que a guerra política provocada pelos maus perdedores enseja. Não recua um milímetro, não cede, não capitula, não tem medo - e isso está em seu estilo de escrita. 

Gleisi Hoffmann usa o Twitter e as redes sociais com a grandeza política real de uma protagonista que se dá ao respeito e impõe respeito. Ela sempre aparece para restituir a verdade factual, para responder a bolsonaristas covardes, para debater com quem tiver a devida coragem.

Gleisi Hoffmann, me parece, foi 'picada' pela mesma mosca da democracia que picou Lula nos anos 70. Ela 'sente' o país, tornou-se dotada de um timing político que só os grande estadistas - raríssimos - dignos do nome podem ter.

Ela está iluminada. A cada momento em que protagoniza a cena pública, ela surge mais densa, mais assertiva e mais corrosiva.

Gleisi parece ter se cansado do "bom comportamento" institucional que paralisa as ações políticas reais no Brasil. Com um país mergulhado em um sucateamento institucional, em um colapso moral do poder judiciário, não haveria como esperar outro comportamento de alguém que precisa chamar para si a responsabilidade histórica pela retomada da democracia e do Estado Democrático de Direito.

Gleisi foi sendo "ferida" e, ao mesmo tempo, foi "resistindo" e se tornando mais forte. Foi sofrendo junto com Lula cada violência dirigida ao ex-presidente, como se assimilasse a dor política que Lula deveria sentir e não sente - dada a certeza de Lula de que esse jogo, cedo ou tarde, vira.

Gleisi se tornou a voz de um Lula humano, muito mais do que a voz institucional de Lula que ela representa institucionalmente tão bem - sob o desejo e a chancela de Lula. Ela extrapolou a mensagem política. Ela trouxe um Lula 'vivo' e 'vibrante' para o tom de seu discurso. Seu ethos representa Lula, não apenas sua posição e sua gramática.

Segura essa mulher no Congresso em 2019. Gleisi Hoffmann vai liderar a oposição como nenhum Ciro Gomes sequer roçou sonhar na vida. Gleisi constrói, conversa, dialoga, articula, busca o movimento virtuoso da argumentação soberana.

Com esse conjunto de qualidades, não é surpresa também que Gleisi tenha começado a inflamar a militância e as redes sociais. O volume de seus seguidores é cada vez maior e mais insinuante, bem como o seu poder de fascinação sobre aqueles que sentem a democracia na própria dimensão do afeto.

Gleisi desperta o mesmo sentimento de amor que Lula desperta porque, afinal, ela também 'sente' o país e o povo deste país como Lula 'sente'.

É uma rara felicidade ver nascer uma protagonista política desta dimensão. Gleisi sempre foi imensa. Mas, agora, ela é a própria esperança encarnada.

Gustavo Conde.

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