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terça-feira, 28 de agosto de 2018

Onde estará a dama de vermelho?


Reapareça...a luz está retornando ao nosso país.
*Onde estará a dama de vermelho?* por Zeca Peixoto.
"Vagabunda! Vadia! Putinha do Lula!" Há exatos três anos uma senhora de mais de 70 anos assim foi adjetivada na Avenida Paulista. Vestida de vermelho e destemida, ela enfrentou com dignidade manifestantes fascistas que turbinavam as ruas para a concretização do golpe parlamentar que se daria um ano depois.
Não se sabe o nome daquela senhora. Era domingo, 16/08/2015. A capital de São Paulo se transformara no epicentro social do golpe. Enquanto a Rede Globo interrompia transmissão de jogos de futebol para dar uma espécie de cobertura militante, convocando as pessoas às ruas, a Paulista era tomada por hordas de freikorps à brasileira num mar verde amarelo que sugeria ardor patriótico, mas na verdade se constituia num ravari de ódio babante e irracional.
Fascismo.
A dama vermelho, como aquela mulher passou a ser denominada, não se intimidou com os ataques. Prosseguiu atravessando os manifestantes. "Vocês são instruídos pela televisão, não conhecem História. Não tenho medo, já enfrentei coisa pior", desafiava em meio a insultos e desrespeitos num cerco que poucos tiveram coragem de enfrentar.
Ela teve. E num momento em que pôr uma roupa vermelha, mesmo que despretensiosamente, poderia custar a própria vida.

A dama vermelho fora um ponto de resistência. Sua cabeça erguida era a altivez ante o obscurantismo que tomava o Brasil. Mas também a esperança de que resistir fora um dever, como afirmou em meio a vaias e xingamentos: "vou lutar sempre contra a opressão!"
Pode ser que muitos tenham esquecido da postura heróica daquela senhora. Mas neste momento em que vestir vermelho, fechar os punhos, ocupar os espaços públicos e gritar por liberdade para barrar o fascismo agrega cada vez mais pessoas, é o momento de lembrar daquela mulher.
Onde você estará, dama vermelha?
Naquele domingo tenobroso, sozinha em meio a facínoras, a senhora foi valente, nos deixou menor nas nossas zonas de conforto e se mostrou gigante.
Tenho grande fascínio por aquela mulher. Nunca me saiu da cabeça. E sei que ela se multiplicou. Sua postura não foi em vão.
Heroína anônima.
Gratidão por seu exemplo e coragem, querida dama vermelho.
Reapareça. A luz está retornando ao nosso país." Zeca Peixoto

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