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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, vetou a possibilidade de a imprensa entrevistar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, confinado há seis meses numa cela da Polícia Federal depois de condenado sem provas, num processo que envergonha o Brasil diante dos países civilizados.
Trata-se do maior caso de censura já imposto no Brasil pós-democratização. Uma ameaça a toda a ordem democrática consagrada pela Constituição de 1988. Um cala-a-boca inominável dirigido à maior liderança popular da História nacional.
É preciso que seja dito: Dias Toffoli é um censor. Dias Toffoli é um verme moral, um inquisidor. Um covarde. Um medroso –e só ver seu olhar permanentemente esbugalhado, perscrutando possíveis inimigos à esquerda e à direita;
Tens medo de quê, Dias Toffoli?
Dependia do presidente do STF a realização, antes da eleição, da discussão no plenário da Corte, sobre a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conceder entrevistas a órgãos de imprensa. O ministro Ricardo Lewandowski havia liberado na semana passada as entrevistas, o que logo em seguida foi desfeito pelo ministro Luís Fux.
Por milhares de vezes, quando rastejava aos pés dos dirigentes do PT, Dias Toffoli jurou amor à Democracia e ao Estado de Direito. À luta dos trabalhadores e às possibilidades que um governo popular teria de mitigar a tragédia cotidiana causada por centenas de anos de escravidão e exploração desumanas.
Agora, Dias Toffoli nega de uma só vez os direitos elementares de expressão, informação e manifestação (além de chutar para a lixeira a liberdade de imprensa). Alega que o faz para salvaguardar a paz e a tranquilidade das eleições que acontecerão no próximo domingo (7 de outubro).
“NÃO VOU PAUTAR CAUSAS POLÊMICAS NESSE PERÍODO. É O MOMENTO DE O POVO REFLETIR E O POVO VOTAR”, DISSE O MINISTRO, AO PROFERIR PALESTRA A ESTUDANTES DA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FADUSP), NO LARGO SÃO FRANCISCO, NESTA SEGUNDA (1º/10).
Na mesma palestra, aliás, Dias Toffoli proferiu afronta sinistra às centenas de mortos e desaparecidos da Ditadura Militar.
“NÃO ME REFIRO NEM A GOLPE NEM A REVOLUÇÃO DE 64. ME REFIRO A MOVIMENTO DE 1964”, AFIRMOU.
Pobre toga manchada! Impedir a imprensa de fazer o seu trabalho é calar a boca do país. Impedir Lula de se fazer ouvir equivale a estourar os tímpanos da sociedade, para que não se escute a voz do contraditório. Uma das formas de tortura mais apreciadas pelos agentes da Ditadura, não por acaso, era o “telefone” –tapas simultâneos e fortíssimos nos ouvidos dos presos, para ensurdecê-los.
Não existe democracia sem informação. Não existe democracia sem imprensa livre. Até a fibra mais insignificante da toga encardida de Dias Toffoli sabe disso.
Mas ele não se importa e tenta a todo custo calar Lula e a imprensa. Para impedir Lula de dizer a todo o povo brasileiro que outro caminho é possível, além da terra arrasada prometida pelos apóstolos do apocalipse neoliberal. Este é o medo dos covardes como Dias Toffoli.
Não é o fato de Lula ser um condenado o que o impede de conceder entrevistas. Como lembrou o ministro Lewandowski, “é muito comum diversos meios de comunicação entrevistarem presos por todo o país, sem que isso acarrete problemas maiores ao sistema carcerário”. E é mesmo: Fernandinho Beira-Mar, Cristian Cravinhos, Suzane Von Richthofen, Maníaco do Parque, Cabo Bruno e tantos outros, foram entrevistados na cadeia (veja os links do fim do texto).
Todos esses “perigosíssimos” bandidos puderam falar porque nenhum deles era Lula. Nem representava o que ele significa para o empoderamento do povo pobre, ofendido e humilhado. Nenhum deles tinha contra si todo o grande Consórcio que reúne o Judiciário, a PF, os interesses multinacionais, os parlamentares corruptos e a grande mídia oligopolista do Brasil, “com o Supremo, com tudo”, como sintetizou um dos articuladores do golpe contra Dilma Rousseff, Romero Jucá.
A toga imunda de Dias Toffoli não moveu uma prega diante de ato criminoso do juiz Sergio Moro, que acaba de levantar o sigilo sobre a Delação Premiada do ex-petista Antonio Palocci, preso há um ano. Palocci sabe que o passaporte para sua liberdade é falar qualquer coisa bombástica contra o PT –com provas ou sem, tanto faz.
Mas isso não importa.
Pouco importa que a Constituição seja enxovalhada. Que se favoreça a ascensão do fascista Bolsonaro –e pau nas mulheres, nos negros, nos gays, nos índios. A toga rota de Dias Toffoli nem liga.
Vale tudo contra a esperança que Lula representa.
Em tempo: Quando este texto estava sendo postado na internet, ficamos sabendo da decisão de Ricardo Lewandowski, reafirmando a liberação da entrevista de Lula à Folha de S.Paulo. Felizmente, ainda há homens e mulheres que honram seu compromisso com os valores mais altos da Justiça.
“REAFIRMO A AUTORIDADE E VIGÊNCIA DA DECISÃO QUE PROFERI NA PRESENTE RECLAMAÇÃO PARA DETERMINAR QUE SEJA FRANQUEADO, INCONTINENTI, AO RECLAMANTE E À RESPECTIVA EQUIPE TÉCNICA, ACOMPANHADA DOS EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS À CAPTAÇÃO DE ÁUDIO, VÍDEO E FOTOJORNALISMO, O ACESSO AO EX-PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, A FIM DE QUE POSSAM ENTREVISTÁ-LO, CASO SEJA DE SEU INTERESSE, SOB PENA DE CONFIGURAÇÃO DE CRIME DE DESOBEDIÊNCIA, COM O IMEDIATO ACIONAMENTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA AS PROVIDÊNCIA CABÍVEIS, SERVINDO A PRESENTE DECISÃO COMO MANDADO” (RICARDO LEWANDOWSKI)
https://jornalistaslivres.org/dias-toffoli-e-um-censor/#comment-6015
Veja entrevistas de alguns criminosos condenados:
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